Câmara aprova PEC da reforma tributária com benefícios para o transporte

Embora o cenário seja melhor que o de 2021, os números ainda continuam altos

Sob a liderança do presidente Arthur Lira (PP/AL), a Câmara dos Deputados aprovou o texto da reforma tributária nessa sexta-feira (15). O parlamentar anunciou, na noite de quinta-feira (14), que colocaria o substitutivo em votação de maneira virtual.

A análise, portanto, não ocorreu com todos os deputados em Plenário, como da última vez. Orientados pelas bancadas, os parlamentares apenas deram seu voto pelo aplicativo, dizendo se concordavam ou não com o texto posto em votação.

Transporte segue contemplado, mas com mudanças

A maior parte dos avanços garantidos para o setor transportador foi mantida no texto. Apesar disso, o parecer do relator da reforma tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), suprimiu dois pontos da proposta proveniente do Senado.

As perdas tratam de conquistas resultantes do trabalho de convencimento e corpo a corpo com parlamentares, atividade conduzida pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), por sindicatos e por associações do transporte. Confira, a seguir, o que mudou:

  • Regime para investimento em infraestrutura do transporte: sem o trecho, é provável haver aumento da carga tributária, especialmente, para quem opera no crédito presumido, pois mudará a sistemática e fará com que incida PIS/Cofins e contribuições sociais, além do Imposto de Renda.
  • Exclusão do setor aéreo do regime específico: embora todos os outros modais tenham sido contemplados, o relator suprimiu o transporte aéreo.

Em ambos os casos, a CNT conversou com parlamentares durante a votação, para tentar realizar a apreciação de destaques em separado ao texto final, como forma de alterar o conteúdo aprovado pelo Plenário. Infelizmente, não houve consenso; e o pedido acabou negado nas duas situações.

O que ainda se manteve na reforma tributária

  • Redução de alíquota em 60% e possibilidade de isenção total de alíquota para o setor de transporte: válidas para o transporte coletivo público de passageiros rodoviário e metroferroviário, de caráter urbano, semiurbano, metropolitano, intermunicipal e interestadual.
  • Manutenção da sistemática do Simples: haverá o recolhimento do IBS e do CBS de forma opcional, garantindo o repasse de crédito na proposição do montante recolhido.
  • Garantia de isenção do IPVA para embarcações e aeronaves: exclusiva para pessoas jurídicas que detenham outorga para prestar serviços de transporte aquaviário e para aeronaves agrícolas e de operador certificado para prestar serviços aéreos a terceiros.
  • Concessão de crédito ao contribuinte adquirente de serviços de transportador autônomo: válida para pessoas físicas que não sejam contribuintes do imposto, nos termos da respectiva lei complementar.
  • Garantia do crédito na compra do combustível: importante para o setor, já que se trata do insumo mais consumido.
  • IVA Dual: mantém-se a unificação de cinco impostos (ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins) em apenas três: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto Seletivo.
  • Regime diferenciado para parte do setor: mantido para evitar a oneração das empresas e dos usuários dos serviços.
  • Financiamento do transporte público: Autorização para a utilização da CIDE-Combustível no pagamento de subsídios a tarifas de transporte público coletivo de passageiros.

A gerente executiva do Poder Legislativo, da CNT, Andrea Cavalcanti, avalia que o setor transportador tem o que comemorar, apesar dos impactos. “É fato que nenhum texto vai atender a todas as necessidades do transporte brasileiro, mas esse que foi aprovado no Senado e mantido, em sua maior parte, pela Câmara corrigiu algumas distorções, evitando a penalização do setor responsável por mover o Brasil”, celebrou.

Cavalcanti lembrou que o trabalho não se extinguirá com essa aprovação. “Mesmo após a promulgação, prevista para ocorrer nesta semana, ainda será necessário trabalhar na elaboração das leis complementares, além de definir as alíquotas e outras questões. A PEC é apenas o primeiro passo, uma forma de garantir constitucionalmente as particularidades do setor transportador. Contudo, temos um longo trabalho para a regulamentação das previsões estabelecidas em nossa Constituição”, analisa a gerente da CNT.

Como foi a votação?

Lira passou boa parte da quinta-feira (14) reunido com os relatores, senador Eduardo Braga (MDB/AM) e deputado Aguinaldo Ribeiro (PP/PB), em busca de um consenso para a votação da reforma. O foco era fechar um acordo para evitar mudanças substanciais no texto, o que o obrigaria a remeter o substitutivo para uma nova análise dos senadores.

Conforme análise preliminar dos técnicos da CNT (Confederação Nacional do Transporte), o transporte não seria afetado pelas divergências que emperravam a votação. As polêmicas estavam em trechos incluídos por Braga sobre a manutenção de benefícios fiscais para a Zona Franca de Manaus.

Supressão de pontos

Em novembro, chegou-se a cogitar o fatiamento da proposta, deixando de fora os pontos mais polêmicos e sem consenso. Mas essa estratégia foi abandonada em prol de um texto mais coeso, para não atrasar os prazos traçados pela equipe econômica do Poder Executivo federal.

Alguns trechos divergentes foram apenas suprimidos pelos deputados, sem prejuízo ao texto aprovado no Senado. Isso significa que não existe alteração de sentido nem criação de novos mecanismos.

O que acontece agora?

Agora, a proposta seguirá para a promulgação do Congresso Nacional. Como já mencionado, o trabalho da CNT continuará na fase de regulamentação da PEC nº 45/2019, o que deverá ocorrer com leis complementares. O objetivo é assegurar uma reforma ampla, que traga justiça, neutralidade e simplicidade ao sistema tributário nacional, sem aumento da atual carga tributária global e setorial.

Também está prevista para 2024 a reforma tributária da renda.

Quase 70% das rodovias do Brasil não estão em boas condições em 2023

Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou a Pesquisa CNT de Rodovias 2023 com dados bem preocupantesO estudo indica que 67,5% das rodovias brasileiras têm sua extensão classificada como regular (41,4%), ruim (20,3%) ou péssimo (5,8%), enquanto apenas 32,5% estão como ótimo (7,9%) ou bom (24,6%).

Os percentuais demonstram uma relativa queda no que a CNT classifica como "Estado Geral", por se tratar de todo o território nacional. Em comparação com os resultados do ano passado, 66% eram classificadas como regular, ruim ou péssimo, e 34% como ótimo ou bom.

Os resultados da 26ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias, divulgada pela CNT e pelo SEST SENAT, analisou 111.502 quilômetros de rodovias pavimentadas neste ano, sendo 67.659 quilômetros da malha federal (BRs) e 43.843 quilômetros dos principais trechos estaduais.

MAIS SOBRE RODOVIAS

A classificação do Estado Geral compreende três principais características da malha rodoviária: pavimento, sinalização e a geometria da via. Levam-se em conta variáveis como condições das placas, acostamento, curvas e pontes.

A CNT analisa três principais fatores: pavimento, sinalização e geometria da via — Foto: André Schaun
A CNT analisa três principais fatores: pavimento, sinalização e geometria da via — Foto: André Schaun

Em 2023, a avaliação regular, ruim e péssimo dessas características foi: 56,8% (pavimento), 63,4% (sinalização) e 66% (geometria da via). Percentuais que também ficaram próximos aos dos registrados no ano passado: 55,5%, 60,7%, 63,9%, respectivamente.

Classificação das rodovias

Estado Geral Pavimento Sinalização Geometria da via
67,5% - regular, ruim ou péssimo 56,8% - regular, ruim ou péssimo 63,4% - regular, ruim ou péssimo 66% - regular, ruim ou péssimo
32,5% - bom ou ótimo 43,2% - bom ou ótimo 36,6% - bom ou ótimo 44% - bom ou ótimo

“A realidade que o estudo expõe reforça o que a CNT vem defendendo há anos: a necessidade de continuar mantendo investimentos perenes e que viabilizem a reconstrução, a restauração e a manutenção das rodovias”, disse a CNT, em nota.

Os principais pontos críticos registrados nas rodovias brasileiras, segundo a CNT, incluem quedas de barreiras, erosões nas pistas, buracos grandes, pontes caídas e pontes estreitas.

O estudo mostra que as rodovias públicas, que representam 76,6% da extensão pesquisada este ano, apresentam percentuais maiores de avaliações negativas (77,1%). Já entre as rodovias concessionadas, que representam 23,4% da extensão pesquisada em 2023, ao todo 64,1% da malha foram classificadas como boa e ótima.

Brasil desperdiçou 1 bilhão de litros de diesel em 2023 por causa do asfalto ruim das rodovias

Falta de qualidade da pavimentação das estradas impacta diretamente nos preços dos produtos que chegam para o consumidor

A Pesquisa CNT de Rodovias 2023, feita pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), indicou que 67,5% das rodovias brasileiras têm sua extensão classificada como regular (41,4%), ruim (20,3%) ou péssimo (5,8%). E, entre tantas consequências desta estatística, um dos efeitos mais impactantes é que 2023 vai terminar com cerca de 1,139 bilhão de litros de diesel usados de forma desnecessária no transporte rodoviário.

Esse gasto absurdo acontece justamente porque os esforços dos caminhões para trafegar pelas rodovias brasileiras é muito maior do que deveria por conta das péssimas condições do asfalto. Ambientalmente falando, a queima dessa quantidade de combustível fóssil resultará na emissão de 3,01 milhões de toneladas a mais do que deveria de gases poluentes na atmosfera (MtCO2e).

A CNT analisa três principais fatores: pavimento, sinalização e geometria da via — Foto: André Schaun
A CNT analisa três principais fatores: pavimento, sinalização e geometria da via — Foto: André Schaun

Autoeporte fez uma conta para ter um preço aproximado desse gasto a mais dos caminhoneiros com o combustível desperdiçado. O valor é baseado na atual média nacional do diesel, segundo a Petrobras, que é de R$ 6,13. Durante o ano essa média oscilou para mais e para menos, mas, levando em consideração esse número atual, o total desperdiçado seria de R$ 6,9 bilhões.

A falta de qualidade da pavimentação das rodovias impacta em várias outras questões, como no preço do frete e, consequentemente, nos produtos que chegam para o consumidor final. Autoesporte já explicou como toda essa cadeia interfere no valor da sua comida.

Situação das rodovias

Os percentuais demonstram uma relativa queda no que a CNT classifica como "Estado Geral", por se tratar de todo o território nacional. Em comparação com os resultados do ano passado, 66% eram classificadas como regular, ruim ou péssimo, e 34% como ótimo ou bom.

Os resultados da 26ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias, divulgada pela CNT e pelo SEST SENAT, analisou 111.502 quilômetros de rodovias pavimentadas neste ano, sendo 67.659 quilômetros da malha federal (BRs) e 43.843 quilômetros dos principais trechos estaduais.

A falta de qualidade da pavimentação das rodovias impacta até no valor da comida — Foto: André Schaun
A falta de qualidade da pavimentação das rodovias impacta até no valor da comida — Foto: André Schaun

A classificação do Estado Geral compreende três principais características da malha rodoviária: pavimento, sinalização e a geometria da via. Levam-se em conta variáveis como condições das placas, acostamento, curvas e pontes.

Em 2023, a avaliação regular, ruim e péssimo dessas características foi: 56,8% (pavimento), 63,4% (sinalização) e 66% (geometria da via). Percentuais que também ficaram próximos aos dos registrados no ano passado: 55,5%, 60,7%, 63,9%, respectivamente.

Classificação das rodovias

Estado Geral Pavimento Sinalização Geometria da via
67,5% - regular, ruim ou péssimo 56,8% - regular, ruim ou péssimo 63,4% - regular, ruim ou péssimo 66% - regular, ruim ou péssimo
32,5% - bom ou ótimo 43,2% - bom ou ótimo 36,6% - bom ou ótimo 44% - bom ou ótimo

“A realidade que o estudo expõe reforça o que a CNT vem defendendo há anos: a necessidade de continuar mantendo investimentos perenes e que viabilizem a reconstrução, a restauração e a manutenção das rodovias”, disse a CNT, em nota.

Os principais pontos críticos registrados nas rodovias brasileiras, segundo a CNT, incluem quedas de barreiras, erosões nas pistas, buracos grandes, pontes caídas e pontes estreitas.

O estudo mostra que as rodovias públicas, que representam 76,6% da extensão pesquisada este ano, apresentam percentuais maiores de avaliações negativas (77,1%). Já entre as rodovias concessionadas, que representam 23,4% da extensão pesquisada em 2023, ao todo 64,1% da malha foram classificadas como boa e ótima.

Santa Catarina tem quase dois terços das rodovias avaliadas pela CNT em situação regular, ruim ou péssima

A avaliação é da Pesquisa CNT de Rodovias 2023, apresentada nessa terça-feira (12), pela Confederação, aos transportadores catarinenses.

As rodovias pavimentadas de Santa Catarina estão com 72,0% da sua malha com algum problema, cujo nível de conservação é considerado regular, ruim ou péssimo. Apenas 28,0% estão em um nível ótimo ou bom. As três características que compõem o estado geral também foram classificadas como regulares, ruins ou péssimas: pavimento (59,7%), sinalização (69,8%) e a geometria da via (69,3%).

Os resultados estaduais fazem parte da Pesquisa CNT de Rodovias 2023 e foram apresentados, nessa terça-feira (12), pela diretora executiva adjunta da CNT (Confederação Nacional do Transporte), Fernanda Rezende. A exposição foi voltada para transportadores ligados à Fetrancesc (Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina), na última reunião de diretoria do ano da Federação. O evento buscou retratar como estão as principais rodovias estaduais catarinenses, bem como as federais no estado.

De acordo com Fernanda, o cenário não é favorável.“São necessários R$ 3,70 bilhões para recuperar as rodovias em Santa Catarina, com ações emergenciais de restauração, reconstrução e manutenção. Estima-se um consumo desnecessário de R$ 37,7 milhões de litros de diesel devido à má qualidade do pavimento da malha no estado. Esse desperdício custa R$ 248,15 milhões aos transportadores.”

A Pesquisa é considerada o maior levantamento sobre infraestrutura rodoviária no Brasil. Em Santa Catarina, o estudo avaliou 3.515 km de malha pavimentada das rodovias federais e dos principais trechos estaduais. A extensão analisada representa 3,2% do total pesquisado no Brasil.