Brasil desperdiçou 1 bilhão de litros de diesel em 2023 por causa do asfalto ruim das rodovias

Falta de qualidade da pavimentação das estradas impacta diretamente nos preços dos produtos que chegam para o consumidor

A Pesquisa CNT de Rodovias 2023, feita pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), indicou que 67,5% das rodovias brasileiras têm sua extensão classificada como regular (41,4%), ruim (20,3%) ou péssimo (5,8%). E, entre tantas consequências desta estatística, um dos efeitos mais impactantes é que 2023 vai terminar com cerca de 1,139 bilhão de litros de diesel usados de forma desnecessária no transporte rodoviário.

Esse gasto absurdo acontece justamente porque os esforços dos caminhões para trafegar pelas rodovias brasileiras é muito maior do que deveria por conta das péssimas condições do asfalto. Ambientalmente falando, a queima dessa quantidade de combustível fóssil resultará na emissão de 3,01 milhões de toneladas a mais do que deveria de gases poluentes na atmosfera (MtCO2e).

A CNT analisa três principais fatores: pavimento, sinalização e geometria da via — Foto: André Schaun
A CNT analisa três principais fatores: pavimento, sinalização e geometria da via — Foto: André Schaun

Autoeporte fez uma conta para ter um preço aproximado desse gasto a mais dos caminhoneiros com o combustível desperdiçado. O valor é baseado na atual média nacional do diesel, segundo a Petrobras, que é de R$ 6,13. Durante o ano essa média oscilou para mais e para menos, mas, levando em consideração esse número atual, o total desperdiçado seria de R$ 6,9 bilhões.

A falta de qualidade da pavimentação das rodovias impacta em várias outras questões, como no preço do frete e, consequentemente, nos produtos que chegam para o consumidor final. Autoesporte já explicou como toda essa cadeia interfere no valor da sua comida.

Situação das rodovias

Os percentuais demonstram uma relativa queda no que a CNT classifica como "Estado Geral", por se tratar de todo o território nacional. Em comparação com os resultados do ano passado, 66% eram classificadas como regular, ruim ou péssimo, e 34% como ótimo ou bom.

Os resultados da 26ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias, divulgada pela CNT e pelo SEST SENAT, analisou 111.502 quilômetros de rodovias pavimentadas neste ano, sendo 67.659 quilômetros da malha federal (BRs) e 43.843 quilômetros dos principais trechos estaduais.

A falta de qualidade da pavimentação das rodovias impacta até no valor da comida — Foto: André Schaun
A falta de qualidade da pavimentação das rodovias impacta até no valor da comida — Foto: André Schaun

A classificação do Estado Geral compreende três principais características da malha rodoviária: pavimento, sinalização e a geometria da via. Levam-se em conta variáveis como condições das placas, acostamento, curvas e pontes.

Em 2023, a avaliação regular, ruim e péssimo dessas características foi: 56,8% (pavimento), 63,4% (sinalização) e 66% (geometria da via). Percentuais que também ficaram próximos aos dos registrados no ano passado: 55,5%, 60,7%, 63,9%, respectivamente.

Classificação das rodovias

Estado Geral Pavimento Sinalização Geometria da via
67,5% - regular, ruim ou péssimo 56,8% - regular, ruim ou péssimo 63,4% - regular, ruim ou péssimo 66% - regular, ruim ou péssimo
32,5% - bom ou ótimo 43,2% - bom ou ótimo 36,6% - bom ou ótimo 44% - bom ou ótimo

“A realidade que o estudo expõe reforça o que a CNT vem defendendo há anos: a necessidade de continuar mantendo investimentos perenes e que viabilizem a reconstrução, a restauração e a manutenção das rodovias”, disse a CNT, em nota.

Os principais pontos críticos registrados nas rodovias brasileiras, segundo a CNT, incluem quedas de barreiras, erosões nas pistas, buracos grandes, pontes caídas e pontes estreitas.

O estudo mostra que as rodovias públicas, que representam 76,6% da extensão pesquisada este ano, apresentam percentuais maiores de avaliações negativas (77,1%). Já entre as rodovias concessionadas, que representam 23,4% da extensão pesquisada em 2023, ao todo 64,1% da malha foram classificadas como boa e ótima.

0 respostas

Deixe uma resposta

Quer participar da discussão?
Sinta-se livre para contribuir!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *