Alta do biodiesel encarece o diesel e impacta o transporte de cargas no Brasil
Alta do biodiesel encarece o diesel e impacta o transporte de cargas no Brasil
Publicado em 19/11/2025 — por Redação
Fonte de referência: mundologistica.com.br/noticias/alta-biodiesel-transporte-rodoviario-cargas

Segundo dados levantados pela Gasola, plataforma da nstech especializada em análise de combustíveis, o diesel registrou um aumento expressivo no Brasil ao longo dos últimos anos. O preço médio por litro subiu cerca de R$ 2,19, o que representa uma alta aproximada de 57%. O biodiesel, no entanto, apresentou uma valorização ainda mais significativa, chegando a quase 98% no mesmo período.
Além dos preços, outro fator influencia os custos: o avanço da mistura obrigatória de biodiesel no diesel. Enquanto em 2020 o percentual médio era de 12%, hoje ele está em 15%, com previsão de atingir 25% nos próximos anos. A discussão sobre a qualidade do produto e os impactos dessa elevação vem ganhando força entre transportadores, especialistas e representantes do setor.
Petrobras se diz preparada para elevar a mistura
Durante participação no Fórum de Debates da CNT (Confederação Nacional do Transporte), a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a companhia está pronta para atender futuros aumentos na mistura de biodiesel.
Segundo Magda, a estatal é capaz de oferecer um diesel com maior conteúdo vegetal “estável e tecnicamente adequado” para uso no transporte pesado.
Biodiesel: custo mais alto pesa no preço final
Vitor Sabag, especialista em combustíveis da Gasola, destacou que o biodiesel possui atualmente um custo por litro mais elevado que o diesel fóssil vendido pela Petrobras. Por isso, é natural que o aumento da proporção do biocombustível encareça o preço final nas bombas.
Sabag ressalta que o biodiesel não deve ser visto como “vilão”, mas que é essencial considerar seus impactos econômicos, especialmente para transportadoras e frotistas, que têm grande consumo mensal.
“A transição energética é importante, mas precisa vir acompanhada de planejamento, previsibilidade e diálogo com o setor, para evitar perda de competitividade”, explicou.
Produção concentrada e custos elevados
Embora o biodiesel possa ser produzido a partir de diferentes matérias-primas, o Brasil ainda depende majoritariamente do óleo de soja, que sofre forte influência das oscilações do mercado agrícola internacional.
Com o aumento gradual da mistura obrigatória, a demanda também cresce — e isso pressiona ainda mais os preços. Somam-se a isso os custos de armazenagem, logística e produção, que são superiores aos do diesel fóssil.
Desafio da frota envelhecida
Mesmo reconhecendo a importância do biodiesel dentro da transição energética, Sabag lembra que o Brasil possui um modal rodoviário predominantemente antigo: a frota de caminhões tem idade média de 18 anos, segundo a CNT.
Muitos desses veículos podem não estar adequados para trabalhar com percentuais elevados de biodiesel, o que levanta preocupações técnicas e financeiras.
Na Europa, por exemplo, o debate não se limita ao aumento da mistura. Lá, investe-se simultaneamente em biocombustíveis avançados, combustíveis sintéticos, veículos elétricos, híbridos e políticas integradas de renovação de frota.
Biodiesel é parte da solução — não a única
Sabag reforça que o biodiesel tem papel importante na descarbonização, especialmente por conta da capacidade produtiva brasileira. No entanto, ele destaca que a melhor estratégia envolve uma combinação de soluções energéticas.
“A tendência mundial é avançar para matrizes mais limpas. O biodiesel é relevante, mas deve fazer parte de um conjunto que inclui eletrificação e outros combustíveis renováveis.”




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